O Brasil se destaca como um dos principais exportadores de frutas, registrando um crescimento significativo nas últimas décadas. De acordo com a Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), em 2024, o país embarcou mais de um milhão de toneladas, gerando uma receita superior a US$ 1,2 bilhão. Entre os produtos desta lista está a manga. Segundo a instituição, somente neste primeiro semestre de 2025, foram exportadas 88 mil toneladas da fruta, sendo a terceira variedade mais vendida.
Entre os principais responsáveis exportadores está a Agropecuária Roriz Dantas, internacionalmente conhecida como Agrodan. Sediada em Belém de São Francisco, no sertão pernambucano, cerca 470 km da capital Recife, o grupo conta com sete fazendas, em um total de 1.125 hectares de área própria plantada, somados à 225 ha de áreas de parceiros. Com a vendas de 30 mil toneladas de manga em 2024 para diversos países da Europa, o grupo consolidou-se como o maior produtor e exportador do Brasil. “Hoje 97% de nossa produção é destinada ao mercado externo”, diz Paulo Dantas, um dos sócios e diretor-presidente da empresa.
Para garantir seu mercado, a Agrodan investe continuamente em tecnologia, inovação e capacitação. Mas, para entender como uma fazenda do sertão pernambucano atingiu esse nível de excelência nos pomares e um alto grau tecnológico, é preciso dar um passo para trás. A história da empresa começa em 1987, quando Dantas, engenheiro elétrico de formação juntamente com seus irmãos e ajuda dos pais, resolvem apostar no agro.
Os desafios enfrentados: hiperinflação, falta de conhecimento técnico em agricultura, escassez de consultores especializados para orientar a implementação, entre outros. Ainda assim, insistiram. Seus pais foram fundamentais naquele momento, pois além do apoio emocional, colocaram ainda seus bens como garantia em um empréstimo feito junto ao Banco do Brasil. Desta forma a família pôde iniciar o projeto ousado de plantio irrigado de 41 hectares de frutas (uva, banana e manga).
Entre as variedades plantadas, a manga foi a que melhor se adaptou à região e focaram nela, deixando as parreiras e bananeiras para trás. Com muita dedicação conseguiram pagar o financiamento no banco e o negócio decolou. “Já em 1992 iniciamos as primeiras vendas de manga para o mercado externo. Aperfeiçoamos a produção, nos consolidamos principalmente na Europa, e hoje, geramos 1.400 empregos diretos”, destacou Dantas.
Referência internacional
Atualmente cultivam sete variedades de manga, com destaque para a tommy, palmer, keitt, kent, além de três outras espécies israelenses. O que chama atenção, além da qualidade, equilíbrio e padronização das frutas é o alto nível tecnológico adotado nas propriedades. Além de todo o cuidado que se inicia no planejamento com a escolha da área, preparo do solo, avançando para o plantio, manejo hídrico, tratos culturais, floração, frutificação, desenvolvimento dos frutos até a colheita, a Agrodan destaca-se também com sua estrutura e inovação no processos pós-colheita.
Um dos principais desafios enfrentados pelos exportadores de frutas, é preciso garantir que os produtos mantenham sua qualidade durante na pós-colheita, para que os produtos atendam às exigências rigorosas dos mercados internacionais e é aí que as Packing Houses entram em cena.
“Temos dois Packing Houses, onde trabalhamos com o auxílio de robôs”, diz Dantas. Essas instalações fazem todo o processo de preparo das frutas para exportação, desde a triagem até o empacotamento final. Elas garantem que cada fruta esteja em perfeitas condições para ser transportada, sem perder qualidade e frescor. E, para que isso aconteça de forma eficiente, a tecnologia se tornou indispensável.
Esse equipamento realiza a seleção e classifica automaticamente as frutas por: peso, coloração, defeitos. “Esse robô tira mais de 20 fotos simultâneas de cada manga, fazendo a classificação de qualidade. Sua capacidade é de processar até 40 toneladas por hora, o que significa 80 mil mangas/h, totalizando 1,6 milhões de fotos/h”, detalha o produtor.
Após classificadas, essas mangas são embaladas em caixas de 4 kg e seguem para o resfriamento e posteriormente para as câmaras frias. Em seguida, são embarcadas em navios com destino à Europa, abastecendo as grandes redes de supermercado e atacadistas de lá.
Eficiência na gestão
Para a Agrodan fazer toda essa gestão da produção em seus Packing Houses, além de equipamentos de última geração, o grupo também utiliza a tecnologia para gerir esse alto número de informações e dados que são gerados a todo momento. A Senior Sistemas tem ajudado os produtores brasileiros a melhorarem a eficiência do processo pós-colheita. Suas ferramentas permitem realizar os processos com mais agilidade, reduzindo erros e custos.
São tecnologias que aumentam a produtividade e garantem que as frutas atendam aos altos padrões exigidos pelos importadores. De sistemas de gestão a soluções para controle de estoque e emissão de notas fiscais, a Senior Sistemas tem sido um grande aliado para exportadores que buscam se manter competitivos no mercado global. “Temos o ERP da Senior e esse sistema de gestão nos auxilia na rastreabilidade da produção. Identificamos todas as mangas que chegam do campo com etiquetas individuais de cada lote. O mesmo ocorre com os caminhões de transporte. Tudo no processo é monitorado”, detalha Dantas.
O produtor destaca ainda, que o sistema da Senior possibilita também apurar os custos detalhados, ou seja, é possível saber os dados de produção, investimento e retorno por talhão.
Capacitação de mão de obra
Preocupado com o futuro do agro e com o baixo desenvolvimento da sua região diante de escolas precárias que via ao seu redor, Dantas resolveu iniciar em 2016 um grandioso projeto de erradicação do analfabetismo de adultos e crianças no entorno da fazenda. A ideia foi a de montar uma instituição de ensino dentro da propriedade e além de ensinar os moradores a ler e escrever, o plano era formar mão de obra qualificada para capacitar futuros profissionais ao mercado de trabalho e as mais modernas tecnologias, como as já implantadas na Agrodan.
Dantas buscou apoiadores e especialistas em educação para ajudar a desenvolver o projeto da escola, mas não obteve retorno de interessados em custeá-lo. Fez um empréstimo e iniciou a construção com capital próprio. Foi assim que nasceu a Escola Professora Olindina Roriz Dantas, o maior investimento social da região.
A unidade iniciou as atividades com 224 alunos, do maternal ao 5º ano e foi crescendo. “Hoje já temos turma até o terceiro ano do ensino médio. São 440, incluindo o ensino de adultos, com aulas de inglês, informática, robótica, música e atividades esportivas, não apenas filhos de funcionários, mas para crianças de toda a comunidade com transporte e alimentação fornecidos pela fazenda”, destacou o produtor.
Agora, ele quer ir além, com um audacioso projeto para a promoção de um curso técnico com foco em ciência de dados para capacitar os alunos nas áreas de tecnologias. “Também estou fazendo parceria com o SENAR para criação de um curso técnico de 2 anos e meio de especialização em fruticultura, pensando na formação de mão de obra qualificada. Nosso objetivo é utilizar ao máximo a estrutura da escola para desenvolver a região e formar o futuro”, finaliza o agricultor
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