Terça, 09 de Setembro de 2025
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Alckmin afirma que tarifas dos EUA podem favorecer o agronegócio brasileiro

Vice-presidente destaca competitividade do setor agropecuário e sugere que barreiras comerciais impostas pelos Estados Unidos a outros países podem abrir oportunidades para as exportações brasileiras

07/05/2025 08h02
Por: Redação Fonte: Brasil247
Foto: Adriano Machado
Foto: Adriano Machado

O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), afirmou nesta terça-feira (6) que o aumento das tarifas de importação adotado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em seu segundo mandato, pode beneficiar o agronegócio brasileiro. A declaração foi feita durante almoço da Frente Parlamentar pelo Empreendedorismo (FPE), em Brasília, informa o Valor Econômico.

“Temos um agronegócio muito exportador e muito competitivo”, destacou Alckmin ao comentar as possíveis consequências da nova política tarifária norte-americana. Segundo ele, enquanto o impacto sobre a indústria brasileira ainda precisa ser analisado com cautela, o setor agropecuário tende a se beneficiar das barreiras comerciais impostas pelos Estados Unidos a outros países.

 

Alckmin também ressaltou que o Brasil busca manter relações comerciais baseadas em ganhos mútuos. “Conversei com autoridades americanas de que a disposição do Brasil é ganha-ganha”, afirmou. Para exemplificar essa relação, lembrou que o Brasil é o terceiro maior comprador de aço siderúrgico dos Estados Unidos, enquanto exporta aço semielaborado para o mercado norte-americano. “É uma complementariedade econômica”, resumiu.

Recalcular a inflação - O vice-presidente aproveitou o evento para propor um debate futuro sobre a metodologia de cálculo da inflação no Brasil. Ele sugeriu que alguns itens — como alimentos e energia — poderiam ser desconsiderados do índice principal, seguindo o exemplo do Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos. Segundo Alckmin, esses setores são fortemente impactados por fatores alheios à política monetária, como o clima e a geopolítica.

“Devemos, no futuro — não é o momento agora — discutir a maneira de como calculamos [a inflação] para não haver uma taxa tão alta”, disse, em referência à taxa básica de juros, a Selic, que pode ser elevada após a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central marcada para esta terça. Alckmin evitou se posicionar diretamente sobre a decisão do Copom, mas afirmou que “ninguém quer inflação”, ressaltando que a alta de preços “não é socialmente neutra” e atinge principalmente os mais pobres.

“O impacto da Selic alta sobre o custo de capital e a produtividade é muito grande. Ela tem um efeito gigantesco na dívida, que é um problema fiscal”, alertou.

Jornada de trabalho e modernização - Outro ponto destacado por Alckmin foi a tendência global de redução da jornada de trabalho diante dos avanços tecnológicos. Para ele, é necessário iniciar um debate no Congresso sobre a possibilidade de extinguir a escala de trabalho 6 x 1, com a participação ativa dos sindicatos.

“A tecnologia hoje permite fazer mais com menos gente”, afirmou, em sintonia com o discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que na semana passada, em pronunciamento em cadeia nacional, também defendeu o fim da escala 6 x 1.

Alckmin encerrou sua fala destacando que o momento atual deve ser encarado como uma oportunidade para reposicionar o Brasil nas cadeias globais de produção, aproveitando as mudanças geoeconômicas e mantendo o diálogo com os principais parceiros comerciais. “O maior parceiro comercial do Brasil é a China, para onde a gente mais exporta. Para os EUA, exportamos muito valor agregado”, concluiu.

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