O açúcar se tornou um dos maiores vilões da alimentação infantil moderna, mas muitos pais ainda desconhecem os verdadeiros riscos que seu consumo excessivo pode causar na saúde dos filhos. Segundo a nutricionista materno infantil, Aline Pereira, da Cligen, a questão vai muito além do simples ganho de peso e pode impactar profundamente o desenvolvimento das crianças.
"A oferta do açúcar só é recomendada para crianças a partir de 2 anos, ainda assim, de forma controlada", explica a especialista. Para bebês menores dessa idade, a orientação é clara: apenas alimentos in natura como frutas e verduras, além de preparações caseiras ou minimamente processadas, como panquecas de aveia, bolo de banana com passas e iogurte natural com apenas dois ingredientes.
Riscos imediatos e futuros
De acordo com a especialista, os perigos do consumo precoce de açúcar começam a se manifestar rapidamente. “No curto prazo, as crianças desenvolvem uma adaptação ao paladar mais doce, passando a preferir alimentos ultraprocessados e reduzindo naturalmente o consumo de frutas e verduras. Além disso, aumenta significativamente o risco de cáries dentárias e ocorrem alterações no apetite”, adverte.
Os efeitos a longo prazo são ainda mais preocupantes. "Temos risco de obesidade, resistência à insulina, diabetes tipo 2, alterações de humor e do padrão de sono", enumera a nutricionista materno infantil. O excesso de açúcar também está diretamente relacionado ao desenvolvimento de diabetes tipo 2, especialmente porque costuma estar associado a um padrão alimentar de menor qualidade.
Embora ainda não existam evidências científicas robustas para afirmar uma relação direta entre consumo de açúcar e hiperatividade em crianças sem diagnóstico prévio, os efeitos no desenvolvimento cognitivo são evidentes. A especialista aponta que o excesso de açúcar está relacionado a menor padrão de concentração, oscilação do padrão de energia da criança e pior qualidade do sono.
Um dos maiores desafios para os pais está em identificar os "vilões ocultos" - alimentos que parecem saudáveis mas são ricos em açúcar. Entre os principais estão sucos de caixinha, iogurtes e bebidas lácteas saborizadas, leites fermentados e achocolatados industrializados. "É muito importante olhar a lista de ingredientes, onde a ordem dos ingredientes corresponde da maior concentração para menor concentração", orienta a nutricionista.
O açúcar também se esconde sob diversos nomes nos rótulos dos alimentos. Entre os termos que indicam açúcares adicionados estão: sacarose, glicose, frutose, xarope de milho, xarope de glicose, maltodextrina, mel, açúcar invertido, dextrose e maltose.
Para reduzir o açúcar na alimentação dos filhos sem gerar conflitos, a principal estratégia é ser exemplo. "Evitar o excesso diariamente, a oferta antes dos 2 anos, sucos industrializados e preferir sempre oferecer a fruta in natura", recomenda Aline.
A formação do paladar é um processo que começa muito cedo. "Se inicia ainda na gestação e lactação, onde, através do líquido amniótico e do leite materno a criança já pode ser exposta a sabores diferentes", explica a especialista. Por isso, é fundamental uma introdução alimentar adequada a partir dos 6 meses, mantendo práticas saudáveis até pelo menos os 2 anos de idade.
Para a especialista, a conscientização sobre os riscos do açúcar na alimentação infantil é fundamental para prevenir problemas de saúde futuros. “Pequenas mudanças nos hábitos alimentares familiares podem fazer uma grande diferença na formação de um paladar saudável e na prevenção de doenças crônicas que podem acompanhar a criança por toda a vida”, finaliza.
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